sábado, 31 de julho de 2010

Poema de inverno

Canto o amor entre
escombros e estrelas.

Os olhos molhados
recordam momentos
sagrados e íntimos.

Entre ausências,
recorto segredos
e fotografias
coladas no chão.

Versos medrosos
despertam as horas
na falta de ti.

Sobre as águas,
passam as folhas.
Ouço o silêncio
e teu nome antes
e depois do inverno.



O que falo só as pedras ouvem.
Captam mensagens e guardam.
Na verdade, ouvem meus gritos.

Se falo,
não se perdem de mim
as imagens gravadas
nas horas de solidão.

Num fôlego

... pensei na minha vagarosa caminhada, observando os pássaros. A voar, quase todos, contra as vidraças em busca farelos; e, muitas vezes, ao encontro da morte.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ardor

Arde a pele no peito.
Na alma a paixão
atiça as palavras.

Ao longe, vem a noite
e de mansinho,
aparecem as estrelas.

Acesas as fogueiras,
beijam-se os namorados.
Nasce um poema.

Há silêncio na colina,
ardem os círios,
sentimos a vida,
a alegria voltou.

Embriagado,
o poeta assobia uma canção.
Acesos, os olhos do amor,
seguem o ritmo do mar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Poemeto

Líricas horas
acordam palavras,
quando teus olhos
vêem pedestais
onde te escondes
da solidão.

Poema de quatro faces

Veste o vento
uma tarde fria.

Um estalo de folhas
acorda os pássaros.

Doa-se uma flor
à palma da mão.

Uma espera:
seguir teus olhos
nas estrelas

domingo, 25 de julho de 2010

Molduras

Belo céu
 amarelo.

Renasce um dia.


No espelho, ouço
as cores do mar.

Nas janelas,
poemas acordam;
desenham o luar.

sábado, 24 de julho de 2010

Flor invisível

Ouço um poema:

flor invisível

movimento possivel

na terceira margem.



De passagem,

é nuvem e sol

é gota d'água.

É fina estampa

entre retalhos

e vestidos cortados.




Iluminados,

os olhos

guardam

flores

e dias

nos lábios.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um poema delicado

Esqueceram um poema delicado.

Em pedaços,

no escuro,

lá embaixo,

versos agonizam no abismo.


Só eu cismo encontrá-lo

quando os olhos,

acordarem

nas estrelas.

domingo, 18 de julho de 2010

Luarando

Luz
indo
em si
lêncio.

Luar
ando
lábios
alvos
lenços.

No ar
o tempo
des/
mancha
manhãs.

Um grito
em si
labas
trêmulas
rasga folhas
quase mortas.


Não andam as pernas.
Não correm,
morrem lentas
não varrem o lixo
não salvam o mundo
na última poeira
que esconde o sol.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tua Posse

Vermelhos e densos,
correm teus versos.

Em ti,não morrem.
Movem-se nas veias.

No sangue,versos sonoros.

Longe,cantam o amor.
O tempo se aquece
e ouve.

Líricas vozes
celebram o ser.

Doce alma aberta,
celebra a luz,
tua posse,
ao amanheer.

sábado, 10 de julho de 2010

As visitas


...desenrola-se um novelo de lã na sala vazia. Antigas cadeiras balançam,pés vagarosos deslizam nas escadas.Meus avós sempre retornam, quando penso no amanhã.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tarde Cheia

A luz do sol doura o milho.
Doura e se avoluma no canavial.


O pai, a mãe e o filho
guardam o Espírito Santo.

Gira o vento
a poeira no chão.
Dura é a manhã.

Um homem assa,
lambe um osso.
A boca mole
suga o ar
do sertão.

Belo
voa um pássaro.

Preces cortam o ar,
nuvens passam
na tarde cheia.

Homens sonham.
Ouvem o som da chuva
nas telhas da casa vazia.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Entre sal e o Sol

O sol das palavras
ilumina poemas
no céu de minha boca.

O sal e as lágrimas
cortam ao meio
todas as células.

Bêbadas miragens passam
além do olhar das almas
e bem perto do nariz.

Eu penso e escrevo.
Ondas aceleradas
levam ao cérebro
visões alucinadas.

Solitários clamam,
choram e adormecem
nos braços de amores,
seres de luz.

Ouço o vento a levar as folhas,
ouço as pedras nas horas
de delírio e lucidez.

Eu sou a luz a vagar desertos
na escuridão de mim mesmo.

Frase

É a vida um fino traço invisível na paisagem da alma.