domingo, 26 de dezembro de 2010

Leito de papel

Natal em Nova Iorque


Ruas movimentadas.
Ilumina-se a neve...

Alegres,
olhos veem luzes e cores
nas vitrines de New York.

Na esquina, rua 45,
 um menino dorme.
 Sonha numa caixa
 de papel azul.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Spiritual


( Para Jessye Norman )

Nas mãos,
poetas guardam pássaros
ao amanhecer.

Livres,
os olhos soltam azuis,
tingem alvuras nos céus.

Nos lábios,
palavras de agradecimento.

A vida volta em múltiplas cores e formas,
almas acordam madrugadas,
novas são as manhãs.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Recados

Troquei os tapetes,
os móveis e as toalhas.

Há luz atrás das cortinas,
o azul nas paredes do quarto
é o mesmo azul que gostavas.

As porcelanas são mais leves e claras.

Sinto a esperança na eternidade das manhãs.
Novas são as flores para alegrar a sala.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Galo

Ciscou a lama das margens,
cantou versos de lâmina,
cortando o verde da relva
no vai-e-vem das manhãs.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ausências

Sem ti,
os dias são desbotados.
Os talheres e as taças,
giram no vazio da casa,
sem o cheiro das frutas,
delícias que guardavas.

Lá fora, dentro da noite,
poemas nascem no orvalho.
Secos, meus olhos se abrem,
choram na casa vazia,
contemplam os pés cansados
e as mãos quebradas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Poema da Lucidez

A poesia nasce entre fumaças,
e revela-se nas sombras,
quando os dedos,
batucam talheres e taças,
sobre as mesas.

Apressados e confusos,
passos perdem o ritmo.
Homens e mulheres chegam,
sufocam as horas na cachaça
e no cheiro dos cigarros.

A noite passa ligeira,
se entrega às palavras,
cortadas e bêbedas.

Na penumbra,atrás da porta,
o poeta respira em silêncio.
Ao luar,mais um poema,
escrito na lucidez.

Baforadas

Há sempre um verso na agulha,
e palavras ferindo a alma...
Desbotadas,
as cores se vão nas fumaças
e nas cinzas dos cigarros.
Fumamos a vida inteira,
entre automóveis,
pessoas apressadas
e desgarradas de Deus.

Conselhos

Ouça as promessas
fotografadas no mês de outubro.
Calce sapatos de nuvem,
siga as borboletas
e esconda-se no azul,
desenhando formas
inspiradas no olhar dos mitos
devorando os mares.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Adeus, amor.

Afogo-me nos mares do pranto,
espalho esquecimentos.

Onde adormeço e sonho,
faço fogueiras com vestidos
esquecidos no varal.

As lágrimas do adeus,
apagaram desejos,
cegaram meus olhos.

O doido amor não sabe:
minh'alma acorda na escuridão
e se perde na ausência dos céus.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Febre de Alice

~°~

Deixes as unhas coloridas
traçarem arco-íris no cu
das senhoras imaculadas.

O futuro é hoje, daqui a pouco.
Vista a alma nas cores do céu
e pague infernos com as lágrimas
de quem te fez chorar.

Viva.
Dance jazz and blues,
mas não esqueça de abraçar o amor
em ritmo de maxixe e xaxado
depois das seis.

domingo, 15 de agosto de 2010

Um Poema de Amor

O sol de agosto,
despedia-se do domingo.
Cantei glória às alturas,
em si bemol maior

in scherzo (allegro molto).

Cordas de luz
vibravam na sala,
anjos cochilavam,
Deus todo feliz,
soltava pum e gargalhava
debaixo de cobertores.

No meu sonho, voltavas
dizendo um poema de amor.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Oculto

Derramas nas sombras
as sobras em mim.

Sobre o mar,
sobram olhos ao vento.
Abertas, asas iluminadas
ensinam o caminho das aves.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um Poema Esquecido

Um poema esquecido,
é um poema riscado,
no fundo dos olhos.

Esquecido,
o poema é um cisco,
um traço,uma nuvem,
uma luz no claro/escuro,
no vazio,na sala.

Um poema esquecido,
é guardado depois da passagem
da chuva na telha.

Poema para amores náufragos

Entre paredes,
ouço a alma em busca de amores,
náufragos de rios,
passados na alma.


Os olhos se demoram soltos no chão.
Derramam lágrimas no vazio.

Longas horas passo
entre canções e poemas.

Saio de mim mesmo,
ao encontro da outra face,
perdida em nuvens e mares.

sábado, 31 de julho de 2010

Poema de inverno

Canto o amor entre
escombros e estrelas.

Os olhos molhados
recordam momentos
sagrados e íntimos.

Entre ausências,
recorto segredos
e fotografias
coladas no chão.

Versos medrosos
despertam as horas
na falta de ti.

Sobre as águas,
passam as folhas.
Ouço o silêncio
e teu nome antes
e depois do inverno.



O que falo só as pedras ouvem.
Captam mensagens e guardam.
Na verdade, ouvem meus gritos.

Se falo,
não se perdem de mim
as imagens gravadas
nas horas de solidão.

Num fôlego

... pensei na minha vagarosa caminhada, observando os pássaros. A voar, quase todos, contra as vidraças em busca farelos; e, muitas vezes, ao encontro da morte.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ardor

Arde a pele no peito.
Na alma a paixão
atiça as palavras.

Ao longe, vem a noite
e de mansinho,
aparecem as estrelas.

Acesas as fogueiras,
beijam-se os namorados.
Nasce um poema.

Há silêncio na colina,
ardem os círios,
sentimos a vida,
a alegria voltou.

Embriagado,
o poeta assobia uma canção.
Acesos, os olhos do amor,
seguem o ritmo do mar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Poemeto

Líricas horas
acordam palavras,
quando teus olhos
vêem pedestais
onde te escondes
da solidão.

Poema de quatro faces

Veste o vento
uma tarde fria.

Um estalo de folhas
acorda os pássaros.

Doa-se uma flor
à palma da mão.

Uma espera:
seguir teus olhos
nas estrelas

domingo, 25 de julho de 2010

Molduras

Belo céu
 amarelo.

Renasce um dia.


No espelho, ouço
as cores do mar.

Nas janelas,
poemas acordam;
desenham o luar.

sábado, 24 de julho de 2010

Flor invisível

Ouço um poema:

flor invisível

movimento possivel

na terceira margem.



De passagem,

é nuvem e sol

é gota d'água.

É fina estampa

entre retalhos

e vestidos cortados.




Iluminados,

os olhos

guardam

flores

e dias

nos lábios.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um poema delicado

Esqueceram um poema delicado.

Em pedaços,

no escuro,

lá embaixo,

versos agonizam no abismo.


Só eu cismo encontrá-lo

quando os olhos,

acordarem

nas estrelas.

domingo, 18 de julho de 2010

Luarando

Luz
indo
em si
lêncio.

Luar
ando
lábios
alvos
lenços.

No ar
o tempo
des/
mancha
manhãs.

Um grito
em si
labas
trêmulas
rasga folhas
quase mortas.


Não andam as pernas.
Não correm,
morrem lentas
não varrem o lixo
não salvam o mundo
na última poeira
que esconde o sol.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tua Posse

Vermelhos e densos,
correm teus versos.

Em ti,não morrem.
Movem-se nas veias.

No sangue,versos sonoros.

Longe,cantam o amor.
O tempo se aquece
e ouve.

Líricas vozes
celebram o ser.

Doce alma aberta,
celebra a luz,
tua posse,
ao amanheer.

sábado, 10 de julho de 2010

As visitas


...desenrola-se um novelo de lã na sala vazia. Antigas cadeiras balançam,pés vagarosos deslizam nas escadas.Meus avós sempre retornam, quando penso no amanhã.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tarde Cheia

A luz do sol doura o milho.
Doura e se avoluma no canavial.


O pai, a mãe e o filho
guardam o Espírito Santo.

Gira o vento
a poeira no chão.
Dura é a manhã.

Um homem assa,
lambe um osso.
A boca mole
suga o ar
do sertão.

Belo
voa um pássaro.

Preces cortam o ar,
nuvens passam
na tarde cheia.

Homens sonham.
Ouvem o som da chuva
nas telhas da casa vazia.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Entre sal e o Sol

O sol das palavras
ilumina poemas
no céu de minha boca.

O sal e as lágrimas
cortam ao meio
todas as células.

Bêbadas miragens passam
além do olhar das almas
e bem perto do nariz.

Eu penso e escrevo.
Ondas aceleradas
levam ao cérebro
visões alucinadas.

Solitários clamam,
choram e adormecem
nos braços de amores,
seres de luz.

Ouço o vento a levar as folhas,
ouço as pedras nas horas
de delírio e lucidez.

Eu sou a luz a vagar desertos
na escuridão de mim mesmo.

Frase

É a vida um fino traço invisível na paisagem da alma.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Amo

Lavo espelhos com saliva.
Mais vermelha, a língua,
rola em êxtase.

Amo o poema
em Pessoa
Camões
Cruz e Souza.

Credo!

Amo Rosa
na Mangueira.
Rodam baianas,
saias de seda,
almofadas de cetim.

Nasce um Rio São Francisco
de Janeiro
o sol em fevereiro
não arde em mim.


Eu me amo
em lusa língua brasileira.

Cadê a Poesia?

Tá mo

fa da
fo da

olha

da

assusta



encolhe



a chuva

ac olhe

a rima

no escuro.

Uma missão

Mergulho horizontes, ouço teus silêncios.
Onde encontrar as cores das palavras?

Trêmulas, as mãos transportam lanternas.

Nalgum lugar, distante do sol,
tenho uma missão:

iluminar o caminho dos deuses.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Especto

Ouço palavras
no vazio da sala.
Faróis iluminam
a rua inteira.

Braços deslisam,
abrem cortinas.

Pontas de cigarros
queimam num cinzeiro
de porcelana azul.

Fumaças desenham
formas abstratas
diluídas no vazio.

Ouço passos,
almas chegam.
Não sinto medo,
nem arrepios.

Invento amores,
cobertos de seda,
pérolas e rubis.

Alegres, valsamos.
Colhemos lágrimas
para regar a manhã.

Um Porém

Faltou um um porém na tua biografia.

Contudo, vives embrenhada
nas alegorias do além mar.


Aos pedaços, um poema quebrado
salta no lixo sem nada dizer.

O som se espalha
abafado, fodido
lá dentro da lata.

Faltou uma palavra
que represente o riso.

O dia suado na pele
o dente sem brilho
na boca aberta
para ganhar o dia.

o olhar perdido
o andar apressado.

O torto destino
nas mãos do gari.

domingo, 13 de junho de 2010

Essa Água

Sem essa água morreremos um dia.
secos, sujos, podres,
enterrados no fundo seco.

Nos olhos a poeira do caminho.

Sem lágrimas, sem cuspe
nessa mesma água.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Em cena
olhos

g
iram
re
viram

rec

olhem
a luz.

Em cena
olhos
desenham
estrelas


um ponto escuro
um caminho
no olhar do homem

um crocodilo
vê o mundo
verde.

Pálido, o medo
avança, ataca,
engole seco.

Os pés espalham
nuvens.
Cega, a multidão
aplaude

o fim do mundo .

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um Poema para Lembrar

De ti, sobraram as roupas
esquecidas no varal.

Saltam dos olhos,
alegres lembranças.

Partidas, as palavras
morrem nas horas
de angústia e medo.

Debaixo de chuva
vejo teus sapatos.

Ventos varrem as folhas
onde sonhas meus versos.

O tempo lava destinos
nas sombras e curvas
marcadas nas mãos.

Demônios cavalgam,
percorrem segredos.
Perdem os sentidos
no verde das paisagens.

Espero colher as flores
atrás dos muros da casa
onde cantamos o amor.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O que dói

Dói não apagar ausências,
nos poemas escritos com lágrimas.

Dói dia após dia,
doar às nuvens,
lembranças do amor
feito de sonho e vento.

Dói ouvir teu nome
entre as folhas
dos livros que leio.

Dói compor lamúrias
e sair pelas esquinas
a clamar a tua presença
na sala dos desejos.

Dói derramar novas tintas
nos vestidos que visto,
para colorir teus regressos.

Dói saber que gargalhas
quando vem os temporais.
Sabes dos meus tremores
e do volume dos meus ais.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Descrição

escrevo
d
escrevo
ins
crevo

cravo
um poema
na cruz.

escrevo
d
escrevo

aguardo
o escuro
nos olhos
d'
escravas

pálidas
guardam a luz
d
espertas
acordam o sol.

Em Tempo

o tempo
bem tempera
do
em tempora

l

o tempo
em poeira
do

o vento v arre
urre
em tempesta

do

o lago
re vel a
ge la

do

terça-feira, 18 de maio de 2010

Apenas um Poema

Resta-me apenas um poema,
para dizer nos cantos da sala.

Resta-me ouvir a bênção das horas
e a alegria de um sonho em cores.

Restam rosas encarnadas,
náufragas de um rio nas mãos.

Resta-me exercitar a bondade
e acalmar a fúria dos fantasmas
gargalhando atrás das árvores.

Resta-me uma noite
morrendo em mim.

Calado,
espero estrelas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Depois do sol

Almas na ausência dos corpos,
retornam ao espaço vazio?

No meio do caminho,
uma escura caverna.

Longe,ouvimos um eco:
medo medo medo.

Gritos humanos
transformam as pedras
em armas.

Renascem as flores nas mãos,
úmidas de sangue?

Deus é a palavra na hora do pão,
depois da ceia e antes do sono.

Há eternidade e sonho
nas palavras do poeta.

Por que assassinamos o outro,
com palavras, olhares e fome?

Músicas chegam às estrelas.

Uma noite, depois do sol,
amanhecemos além do mar.

sábado, 15 de maio de 2010

a vi da pensando
a vi da pensand
a vi da pensan
a vi da pensa
a vi da pen
a vi da pe
a vi da p
a vi da
a vi d
a vi
a v
a

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nem Sempre

nem sempre
nem sempr
nem sem
nem se
nem s
nem
ne
n

nem sempre passa
uma vida ao sol.

Nem sempre
passa um peixe
no anzol.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Agora

agora
não tenho agouro
tenho ouro

agora
não tenho couro
tenho osso pra doer

agora
tenho a paz
no papel para ver

agora
o amor é tinta escura
na brancura para ler.

Brilhando

b o m b r i l h a n d o
b o m b r i l h a n d
b o m b r i l h a n
b o m b r i l h a
b o m b r i l
b o m b r i
b o m b r
b o m b
b o m
b o
b

domingo, 9 de maio de 2010

Um Mês em Cena

Na rua

ensaio

num mês

des

maio

acor

do

e cai

o

ator

doa

do

em

cena

vai

o.

Poema para Morfeu



me viro
no leito
no ar

as horas
alongam
o olhar.

Pescam
piscam
almas

num rio
largo
um caminho

verdes
trilhas
ilhas no mar

Almas movem-se
ligam fios ao luar.

Eu choro
um poema

num dia
quando

meu nome
raiar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Desalinho

A alma em desalinho
canta mais,
canta lindo.
Canta,
lava-se,
eleva-se.

Chega mais perto do sol.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Concretando

...

concret

ando no papel no muro.


A palavra presa pesa no branco

a f olha desmaia a cor da

n um a cor do v indo


a baixo um poema

n ascendo m olhado

um dia quando

ia o sol.

sábado, 1 de maio de 2010

Avoei

a v ô

não

ei

de

ser

não

si

a

vo

ei.

NEM



nem eu
nem tu
ninguém

acorda saberes

à-toa
na
ida
lo
a.

Quase Uma Canção Para Hoje

Do futuro nada sei. Quem saberá?
Recordo passados espalhados
entre folhas mortas
no asfalto das megalópolis.

Perfumadas, as horas passam.
Definem estrelas, alinham-se
no horizonte dos olhos.

Desfilam almas no escuro das salas.
Não tenho medo.
Tenho o riso largo e farto.

Aspiro o vermelho dos teus lábios
e solto a paixão
guardada colada no peito.

Passa o amor na claridade dos desejos.

Canto ao mar,ao tempo, ao vento.
Sei que a vida vai e volta
abaixo do sol de cada dia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Quase uma canção alucinada

Fechadas,
janelas e portas guardam-me.
Fios de medo, tecem as horas, os dias.
Meu aconchego é uma camisola de lã.

Choram meus olhos.
O amor,
que estava austente,
chega.
Amanhece em mim.

Saudade vem, vai e voa.

Anoiteço...
Tenho asas...
Os sonhos revelam-se às pedras.

Em pedaços,ouço uma canção.
As mãos quebradas,
colam-se à pele fria.
Solitária,volto ao ninho.

domingo, 25 de abril de 2010

Quereres

Quero pintar as unhas
com esmalte incolor
e teus lábios,
no tom da minha cor.

Adoro rosas e vermelhos
derramados no teu céu.

Quero sentir o ar puro
nas cidades e florestas,
quando cantares o amor.

Quero lamber teu sal
e acordá-la na madrugada
para ouvir uma canção.

Concretos e abstratos,
desenho teus sonhos.
Além das horas
sou a mulher que não és
e aquela que não fui.

Quero subir montanhas
e acordar o sol.

sábado, 24 de abril de 2010

Os Meninos ( As Pombas)

Meninos grudam chicletes
nos bancos da praça,
rasgam cestos de lixo
e espalham nas calçadas.

Em casa,
imaginam figuras,
desenham gaiolas.

Nos quintais, desconfiadas,
as pombas entreolham-se.

Longe dos olhos,
sobre as pinturas,
as pombas saltam
e voam.

Quase noite...

O sol revela ninhos
na altura das árvores.
Alvas,vivas, as pombas
pousam e dormem.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sexta-feira

A sexta-feira apareceu de rosto lavado e róseo.
No ar,
espalhou cheiro de flores,
calor de afetos,
abraços demorados,
sorrisos longos e profundos.

Na cidade,
homens colhem bebês.
Renovadas,brincam as árvores
nessas horas de outono.

Essa manhã apareceu
nas vestes de Nossa senhora das Neves.
Nas torres da matriz,
sinos centenários
convidam para as orações.

Há calma no olhar dos homens
e alegria nas mãos das mulheres.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Num Piano's Bar

Reviramos a saudade
com vinho e queijo.
Embriagados, visitamos
antigas fazendas.


Apareceram:
Castro Alves,
Álvares de Azevedo
e Eugênia Câmara.
Iniciado o sarau,
entre olhares,
perguntamos:

Quem será na madrugada
a maior estrela?
Os poetas ou a lua
que enciumada,
apaga lampiões?

Trôpegos,
cantávamos ouvindo o mar.
Os poetas e os artistas,
brilham n'outros palcos.

Eu e o amigo,adormecemos,
nas areias de Atalaia.

.

Qualquer

Qualquer coisa vira madrugada a dentro.
Qualquer copo serve o vinho.

Qualquer coisa paralisa as mãos,
apaga a palidez da pele fria e úmida.

Qualquer coisa atrai os ventos,
sopra o verde das folhas
quando amanhece o outono.

Qualquer coisa faço e bebo.
Um misto de pó mágico
e água de chuva.

Qualquer coisa acorda o amor
que anda vazio e calado.

Qualquer luz ilumina cenários:
Meus personagens celebram
o beijo de Apolo e Baco.

Qualquer cena vivo
num baile de máscaras.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Homem e a Rua.

Ouvia Bach
À luz de velas.

Os cristais da casa,
expressavam a estética
do ser:
ter e não se apegar
aos objetos guardados
em cofres de chumbo
e aço.

A rua comentava:
tem ares de santo,
é um aristocrata.

Não sabiam eles,
que esse homem
ouvia os astros

e nos quintais,
cuidava de lagos
e flores.

Os olhos castos
guardavam-se.

Nas brancura dos muros,
havia máximas escritas
em prata:

Doar-se à música
e aos livros
e esperar as benesses,
doações dos céus.

sábado, 10 de abril de 2010

Vai/e/Volta

...

trabalha
e
cansa

come
e
des
cansa

dorme
e
acorda

vai
e
volta

vira
e
passa

um sonho
o mundo
o cinema
a TV.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Espelhos nos pés

O rapaz vestia-se todo de branco. Seus olhos expressavam a castidade dos jovens do final do século XIX.Educado nasboas escolasburguesas, respirava o ar dos autores franceses e a boa música. Ouvia Bach à luz de velas,lustrava os sapatos para ir às festas organizadas pelos salões de elite.
Vozes em coro,exclmavam: "Esse homem tem espelhos nos pés".
Nos salões elegantes, as mulheres sentiam sua presença, bem antes que el chegasse. desejavam apertá-lo e sentir por longos minutos, seu perfume levemente doce e delicado. As mocinhas,hoje adolescentes,tremias quando ele, timidamente as convidava para darnçar. Coladas ao seu corpo,dançava todos os ritmos: Valsas, jazz,música cubano e brasileira.
Os senhores mais velhos achavam estranho.
- Algo de errado existe nesse moço. Tão boa pinta e volta para casa,sempre sozinho.
Não sabiam eles,que em casa, o rapaz se apegava à companhia de gatos persas,cães amestrados daDinamarca e quadros na parede. Mas uma quando vinha o inverno, praparavaassalas erecebia dezenas de convidados para umanoite lírica.O ambiente ficava impregnado de atmosfera leve e espiritual.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Atibaia ( Um Rio )

Engasga-se um rio.
Aflito, passa,
e pede socorro.

Se entrega
à força dos braços
que salvam
e louvam
a alegria dos peixes.

Agônicas,
suas águas
contemplam
afônicas
o voo
das garças.


Um rio desce,
percorre
memórias.

Chora no escuro,
morre no fundo
impuro da lama.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Na Hora

Nos
sa
senhor
ora
das
flores
a dor a poesia?

Na hora II

Há um
quando
cheio
(trans)
bordo
só agonia.

Um arco de Neve

A vida é um arco de neve
e breve passa nas linhas
dos olhos e dedos.

Círios sagrados
iluminam os passos das almas
Em procissão.

No espaço naves do sol
levam nossas bagagens.
Belas palavras pronunciadas
num dia de angústias
e as certezas guardadas
para mostrá-las aos justos.

Iluminacion

Ao vento,
as rosas doam-se.

A vida flui
vai e voa.

Iluminados

pássaros olham
ensinam caminhos
de nuvens e ventos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para Sebastião Salgado

Nos quintais do mundo
meus olhos percorrem
sertões salgados.

Passeio na lama,
rugas no chão.

Lugares secos
clamam toques de vida.
Ganham luz nas fotos
de Sebastião Salgado.

Viagens:
Áfricas,nordestes,
Cortes de cana.
Os calos nas mãos
são sinais de ouro.

Esses homens,
correm canaviais e ruas
endereços para o nada.

Entre facas e foices,
secam as lágrimas.
Sonham vidas
em dimensões colossais.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Glória

Meu Deus, eu canto!
Ouço a voz da natureza
e o silêncio das pedras.

Glória!

Feias palavras ferem as folhas.
Fazem barulho os finais do mundo.

Salvam as florestas,
colhem as flores
num dia bom.

Fartas são as armas
sobre as mesas.
Sustentabilidades,
Progressos,
responsabilidades.
Enquanto isso,
os pés dançam
e espalham
a poeira dos séculos.

Meu Deus,eu canto!

Homens se amam,se matam,
traçam planos de guerra.

Eu canto glórias ao mar
e sei do sangue
e das rosas mortas
sufocadas no suor do homens.


Meu Deus, eu canto!

domingo, 4 de abril de 2010

Loco(motivas)

Locomotivas iluminam séculos.
Sigo o ritmo das rodas
e além dos trilhos,
vivo horizontes.

Possuo no olhar,
a fé evangélica.

Luas de Saturno
são alegorias
dos carnavais.

Há glamour no espaço
e nas cores que pintam o céu.

Xô, demônios!

Quero louvar as águas
e a presença linda
de Yemanjá e Oxum.

Sou Quirom.
Vivo eternidades
e sei que o amor
caminha nas sombras
e acende estrelas.

sábado, 3 de abril de 2010

Na Palma da Mão.

O mundo vira e gira
na palma da minha mão.

Há perturbações e revoluções
no caminho dos homens.

Há renascimentos e arte.
Há um poema de ouro
cá dentro da alma.

Conheço-me
e sei que a vida lava o azul
num mar vermelho

e passo meus dias
debaixo das sombras
dos castelos medievais.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Nas Rodas do Mundo

Afiar as facas,
lustrar as armaduras e punhais.
A vida é uma luta contínua.
Zonzos, giramos nas rodas do mundo.

Qual herança deixar para aos descendentes?
Um século sem luzes? Um pensamento torto?

Nos ares, deixo alguns poemas
e a esperança num dia-a-dia
sem sangue, fúria e fogo.

Ainda adormeço sobre rendas francesas
e sonho outonos molhados.
As tardes sorvem o sumo das folhas
e nenhuma lágrima guardo
para chorar amanhã.

Não quero condolências
quando meu corpo cumprir
a funérea missão.

Quero seguir as nuvens,
ouvindo sinfonias:
Bach, Beethoven, Mahler,
Chopin e as rosas cálidas
na voz de Cartola.

Quero sossego numa noite azul.
Deus ainda espera-me e sorri.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Traços e cores

A lua cheia brinca num espelho de neve.
Vagarosa, a noite vai,fecha janelas,
ouve o movimento das ondas do mar.

Um menino pisca os olhos,
afaga os moluscos colados às pedras.

Segredos paralisam as palavras,
desejos quebram-se,
fragmentados, revelam-se.

Há uma paixão oculta no olhar.

Seguimos caminhos traçados
em cores e traços
e nas fotografias das manhãs.

Vejo tua face de anjo
no reflexo das águas.

Eu amo.
A noite segue a claridade dos teus olhos.
Toda minha alma guarda a tua alegria.

As horas trabalham silêncios.
Lá no fundo do quarto,
mãos secam as pálpebras molhadas.

Eu choro a transitoriedade do tempo.

Um menino

Ainda sou um menino.
Ás águas dos rios,
trazem às lembranças,
barcos de papel.

No colo de mamãe,
choro a falta de brinquedos
e ausência dos primeiros amores:
A menina calada no fundo da sala
e o menino malvado
que afogou os passarinhos.

A poeira das estradas
esconde carros de lata.
ainda faltam moedas
para ver os filmes de farwest.

Trêmulo,
escondo-me debaixo das árvores,
tibungo nos açudes.
Sou um menino
quando apagam a fogueira de São João
e a fumaça leva poemas às nuvens.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Fragmentos

Mistérios ligam desejos
no silêncio das cores.

Palavras movimentam estrelas.


A coragem afasta as dúvidas
e as pedras no caminho,

onde brilham nos lábios
as marcas de amores em fuga.


Meus poemas são asas.
Levam-me para um mundos distante
e a liberdade é o canto final
de todos os seres.

domingo, 28 de março de 2010

Há canções compostas
para suportarmos
o medo e a dor.

Há o desejo de permanecer
com os olhos bem abertos,
para enfrentar a saudade
e o esquecimento.

Há um vago gesto em círculo
a traçar os rumos do tempo.

Recolhidos,sentimos na pele
a mudança dos ventos.

Há poesia no movimento dos automóveis.

Buzinam,levantam a poeira,
adubam as rosas no asfalto.

Há uma lágrima na saia da moça.
Aérea, espera o amor.
Sem flores, carrega no olhar
as águas dos rios límpidos.

As manhãs são as mesmas.

Só os homens fabricam pensamentos,
esquecem as horas e o milagre
da multiplicação dos peixes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O amor tudo muda

Quando chega o amor
demônios adormecem e sonham.
Guardam na ponta dos dedos
a luz dos astros
e a alma das flores.

Nas linhas dos mapas
e nas rodas do mundo
a solidão se transporta
no movimento das cores.

Flocos de nuvens
transformam-se em ovelhas.

O amor tudo muda.

Li centenas de vezes
nos livros sagrados
e na plácidez do olhar
dos homens em comunhão.

domingo, 21 de março de 2010

Eu

Eu sou a folia das manhãs

confetes colados no corpo,

batucadas na alma.

Eu sou os braços

abertos dos passistas

numa quarta-feira feliz.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Temporais

Num sonho,vagavas:
Véus cobriam teu corpo

corrias sem medo,
no ritmo dos temporais.

Ventos gelados sopravam poemas,
palavras borbulhavam nos olhos.

Dançavas alegre,
os rituais da despedida.

Meus gritos ainda ferem a noite.


Nessa contradança,
mergulho silêncios.

Esqueço que falas meu nome
contra as pedras
e atiras as lembranças
na fúria das águas.

domingo, 14 de março de 2010

O meu amar

O meu amar equilibra-se
entre o sim e o não.

Desnudo
aparece nas imagens
editadas no ano 2100
e endoidece
Jung e Lacan.

De bom humor,
estala os dedos,
pisca os olhos,
escreve recados,
num dia sem sal.

Desliza nas ondas,
nas linhas e nas ruas,
onde pintam de azuis
as janelas do trem.

Segue caminhos.
Leva nas mãos um leque de plumas
e se refresca no corpo de Zeus.

O meu amar revela-se nas trilhas
do verde,
desmolha-se nas paisagens.

Insano,
assanha os cabelos de Fedra,
foge da fúria e do fogo,
se entrega aos olhares
de Medusa e Prometeu.

O espelho das águas

O espelho das águas
revela o manto
das almas
habitadas
em mim.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma carta para Heloisa Galvez

Heloisa.
Quando encontrares Drummond,
Torquato, Orides e Quintana,
Peça o guia dos poetas
que foram coxos na vida.

Teus olhos veem longe.
Podem ver a cor das almas
que amam demais.

Naves de luz
transportam e guardam
o endereços e saudades.

Adormecidos,
fabricamos versos.

Somos peixes e homens.

Pescamos os deuses,
cores e traços,
nas telas de linho.


Iluminam-se as nuvens,
os poetas dormem.
Tecem outonos,
cantam manhãs.

Fragmentos

Navego sonhos.
Vivo a languidez
dos olhos frios
e secos.


Brincam meus dedos.
Amo-te, afogo-me.

Choro.
Rios caldalosos
lavam as dores.

Tens amor, eu sei.
Por que te escondes
Quando luares
Descalçam os pés?

Beijar teus lábios,
quero.

Vivo delírios.
Mornas palavras
completam-se,
cheias de medo
e dúvidas.

Linhas nascem.
Ligam desejos
aos horizontes
onde dormem os poetas
e seus amores.


Leves, passam.
Tatuam imagens
na fina pele lisa.

Brincam meus dedos.
Desenham lagos,
aves e montanhas.

Voltamos ao mar.

sábado, 6 de março de 2010

Insano

Arde o amor.
Queima
vagarosamente
no peito
na alma.

Insano
cega
alucina
e teima.

Eterno
o desejo
é fogo
e fúria.

É rima
solta
colada
nas páginas
de um livro.

( Releitura do poema "Esse amor"
de ELIANE THOMAS

sexta-feira, 5 de março de 2010

Os fios da tarde,
Teciam as horas.

O cheiro das frutas
convidava-me para ceia.

Nas sombras, os dedos
contavam os anos.

Além do espelho,eu via fogueiras.
Corpo e alma buscavam
a lógica da existência.

Tudo vai, tudo flui -

Diziam duendes
atrás das árvores.

Há desconforto quando a fé
deságua em nada.

Homens constroem
a própria história,
guardam passados.

Eu guardo a eternidade
na voz das personagens,
nos livros sagrados?

Dúvidas revelam-se
entre luz e sombras.

Na transparência das mãos,
multiplicam-se flores,
desejos e pão.

Continuo a existir
e a querer a salvação
num olhar de Deus.

Memórias do Canavial

Memórias do Canavial ( Para Vinicius Paioli )

As facas amoladas
cortam os nós da cana.
Decepam, acertam as linhas
e os traços das almas
dentro das alvas.

Longe e perto,
ouvem o eco da morte.
Vestem destinos.
Cedo,
chegam ao inferno.

As chamas devoram a pele e o tempo.
Assistimo a um macabro cerimonial.

Na memória, asas brancas
encharcadas de chuva,
atolam-se na lama
e nas cinzas.

A facas cortam e apagam
as vozes cansadas
depois da ceia.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Sono de Deus

Pálidas são as cores
do quarto onde amanheço.

As velhas roupas,
esperam-me amanhã,
para o embarque.

Cedo, chego à estação.
As pessoas olham-me,
iluminadas pelos faróis
das locomotivas.

Sigo as trilhas do tempo.

Medos corroem as unhas,
quebram os dedos.

Loucas são tuas palavras
-dizem algumas almas.

Atrás das portas,
espelhos se quebram.

Passeio pela casa, paro,escrevo
e interrogo a mim mesmo.

Onde encontrar as respostas
para esse vazio infindo?

-Não sei, não sei, não sei.

Sobre nuvens,
Deus continua dormindo.

terça-feira, 2 de março de 2010

Barco de papel

Na areia do tempo
sou menino
brincando
ouvindo

bonecos
de barro
e pano.

Soltos,
os olhos
saltam.

No horizonte,
pipas levam em cores,
recados para Deus.


Visito mares e países
logo alí,
na primeira esquina,
além da rua onde moro.

Sou um menino no mundo.
Um Capitão Raimundo
num barco de papel.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Freudianas

Sensação de abandono.
Édipo mal abre os olhos
e apressa meus passos
para ouvir as súplicas,
neuroses de minha mãe.

Tenho esquizofrenia aguda.

Ouço nos cantos da sala,
a voz das almas perturbadas.
Nas paredes, versos de luz
cegam meus olhos.

Eros e Tanatos torcem meus braços,
erigem meus cabelos.
No criado-mudo, dedos deslizam,
barulham horas em agonia.

Onde encontrar remédios para salvar-me?

Amanhecer no Shopping Center
ou sair por aí, com a cara franciscana
cantando louvores às filhas de Maria?

No espelho do quarto, leio recados
escritos com letras vermelhas:

Perigosas são as palavras.

Vagarosa, passa a tarde.
Entre ruas e parques,
Meus olhos procuram no chão
o número da sala do terapeuta.

Um Grito

Nas águas onde lavo o rosto,
luas se mostram em cores.
Descansam meus olhos
molhados no azul.

Ouço mares e folhas.

Ouço versos estranhos
quando tropeço na relva
e nos galhos secos
impedindo passagens.

Confusas são as imagens
no espelho onde perdemos
a alma.

Fogem as palavras
embaralhadas no escuro
da boca
ao gritar no vazio.

Corpos se abraçam,
em silêncio, se amam.

Encontro-me nas fotografias
e no ar fresco das manhãs.

Eu amo e não derramo palavras.

Retrato de Quinta-Feira

Mudas palavras acordam a manhã
e se perdem na palidez dos meus lábios.

Secos, os cabelos se enroscam,
se quebram entre os dedos.

Trêmulas, as mãos se acalmam.
Nas cordas de um violão,
canções afugentam a angústia e o medo.

Lágrimas apagam a luz das paisagens
e o verde musgo das folhas
entre os muros da velha casa.

Cigarros acesos, apagam as estrelas
e as flores estampadas nas cortinas da sala.


Barulham talheres nas mesas.
No chão, jornais amassados.

Antigas parábolas colorem as páginas dos livros sagrados.


A quinta-feira chora uma tarde molhada.
Ouço os versos feitos de vento e nuvens.

Penso

nas flores e frutas.
e lembro-me das canções
para celebrar um dia.

Penso na carne dos bichos,
alimento dos homens.


A natureza veste
árvores e lírios.
Poetas desfiam
nuvens em cores.

Penso
nas cartas guardadas.
São castas palavras
soltas no tempo.

Penso
nos prazeres humanos.
São águas passadas
em ondas e ventos.

Qualquer

Qualquer coisa vira madrugada a dentro.
Qualquer copo serve o vinho.

Qualquer coisa paralisa às mãos trêmulas,
apaga a palidez da pele fria e úmida.

Qualquer coisa atrai os ventos,
sopra o verde das folhas
quando amanhece o outono.

Qualquer coisa faço e bebo.
Um misto de pó mágico
e água de chuva.

Qualquer coisa acorda o amor
que anda vazio e calado.

Qualquer luz ilumina cenários:
Meus personagens celebram
o beijo de Apolo e Baco.

Qualquer cena é sucesso
num baile de máscaras.

Sarau em comemoração ao 10 demorte da poeta Orides Fontela, em São João da Boa Vista-SP, dezembro de 2008.